quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Direto da sala de aula

DIRETO DA SALA DE AULA

EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA
Alunos fazem feira para apresentar soluções facilitadoras do dia a dia dos cidadãos. Entre eles,
tablets que ajudam na compra de supermercado e sistema biométrico para uso em boates
ANDERSON ROCHA

Elizeu testou e aprovou o Easy Market, software criado por alunos do 3º ano do ensino médio do Cotemig, que agiliza as compras dos cadeirantes e idosos. Foto: Jackson Romanelli/EM/D. A Press

Na rotina do funcionário público e cadeirante Elizeu Ferreira, de 45 anos, o momento de fazer compras é só um dos que significa empecilhos à sua livre locomoção. E o problema é, aparentemente, simples. “A maior dificuldade para quem, como eu, vai a um supermercado fazer compras é realmente alcançar a prateleira mais alta”, conta Elizeu. Nessas idas e vindas, já teve que ignorar a compra de determinadas marcas ou produtos porque não os alcançava nas gôndolas. Mesmo assim, Elizeu faz questão de acompanhar as compras, com a esposa.

A dificuldade de Elizeu e de outras pessoas com baixa estatura ou de idade mais avançada poderia ser atenuada com ideias, como a de Daniela Freire Marinho, de 17 anos, estudante do 3º ano do ensino médio e técnico do Cotemig. Ela integra um grupo de sete alunos, que vão expor a partir desta sexta-feira, na 18ª edição da Tecnofeira (veja abaixo), o Easy Market, software que, integrado a um tablet, facilita as compras em supermercados. 

O Easy Market possibilita que idosos e deficientes possam frequentar o supermercado com mais comodidade. Daniela explica que ao entrar na loja, o cliente que precisar recebe um tablet para marcar os produtos que deseja comprar, enquanto percorre o estabelecimento. Após uma autenticação, as mercadorias são expostas entre categorias e tipos. Ao mesmo tempo, um funcionário recebe as informações e vai efetuando as buscas. Assim, a pessoa tem contato com o produto, mas não precisa carregá-lo. “Não é como comprar de casa, via internet, pois existe a interação com o local e as pessoas. Às vezes o deficiente, por exemplo, se sente excluído. E ele quer sair de casa e conviver normalmente. Mas para isso precisa de uma estrutura pensada para eles”, afirma a estudante.

Elizeu concorda. O cadeirante testou o equipamento em um supermercado no Centro de Belo Horizonte. “Eu acho melhor comprar pessoalmente, olhar o prazo de validade, olhar tudo. Na internet não é assim. O projeto do tablet, então, traz um grande benefício”, afirma. Pensamento semelhante tem a aposentada Aparecida Nogueira, de 73 anos. “Eu não tenho quem faça (compras) para mim. E outras pessoas não teriam a mesma disposição para olhar preço e qualidade. Vir ao supermercado e perceber que há projetos que colaboram com a gente é muito bom”, afirma.

Daniela explica que 20 tablets seriam suficientes para atender a demanda de um supermercado grande. Para Cristiane Lopes, sub-gerente do Supermercado Decisão Atacadista (que aceitou ceder o espaço para fazer o teste com o software dos alunos), a proposta é válida. “Temos muitos clientes cadeirantes. Há rampas e as meninas do atendimento os ajudam sempre que necessário. Acredito que um projeto como esse é uma valorização ao cliente especial”, afirma. Sobre a possibilidade de aproveitar a idéia dos estudantes, ela prefere não se adiantar. “Ainda precisaria de análise e de aprovação da diretoria para vir a funcionar na prática”.

TWITTER DA MÚSICA Para trabalhar ou estudar, fazer atividades físicas e, claro, relaxar: música, independente do estilo, é combustível de vida para muita gente. Para os admiradores, poder conhecer e compartilhar novas harmonias e acordes é um prazer. “Pela nossa rede, você segue um amigo e, portanto, acompanha as atualizações dele. Vê os álbuns que ele adicionou, que ele gostou, os comentários que fez sobre determinada música e, assim, tem a oportunidade de refinar seu próprio gosto musical”, explica Luiza de Almeida Gatti, de 17 anos, aluna do terceiro ano do Cotemig.

A interação é o foco da Musicque, afirma Daniel Marques Pyramo, também desenvolvedor. “Você pode comentar a todo momento, interagir a partir de assuntos que lhe interessam. Na nossa rede a base é a música e a conversa não fica parada, há sempre assuntos sendo discutidos”, conta Daniel. A rede social do grupo de sete alunos está no ar e aberta para cadastros (www.musicque.com.br/). Entre lá, conheça e amplie seus sons.
CADÊ MINHA COMANDA? Só quem já teve que pagar um valor bem maior do que o que efetivamente consumiu em um bar, boate ou restaurante sabe o quanto é ruim perder uma cartela de consumo. O prejuízo financeiro e o constrangimento tanto para o cliente quanto para a empresa, poderiam ser evitados, com ideias aparentemente simples, que abolem a comanda riscada e sugerem o uso da biometria.

“Queríamos inovar e, ao mesmo tempo, ajudar a jovens como nós que gostam de ir a boates”, explica Gianlucca Araujo Rodrigues, um dos sete desenvolvedores do Fusion Access, software que, conjugado a um leitor biométrico, permite o registro de consumo a partir da leitura da impressão digital. Gianlucca explica que os benefícios do uso do sistema se estendem aos empresários, que evitariam prejuízos com possíveis espertinhos, que fraudam cartelas. 

Easy Market
O que é: software de auxílio a idosos e deficientes físicos que freqüentam supermercados.

Como funciona: os clientes recebem recebem um tablet na entrada da loja. Nele, fazem uma autenticação (nome e CPF) e acessam os produtos do supermercado, divididos entre categorias (padaria, por exemplo) e tipos (pães, bolos, etc), enquanto percorrem o estabelecimento. No fim, o cliente define se quer levar as compras na hora ou se quer receber em casa.

Musicque
O que é: rede social para interação baseada nas semelhanças de gostos musicais. O usuário pode fazer amigos que compartilham gostos parecidos e, ao mesmo tempo, conhecer novos artistas e músicas que amigos gostem.

Como funciona: o usuário faz um cadastro e disponibiliza informações sobre si. O foco, porém, é na música. Um diferencial é a fotografia do usuário que, diferente de grande parte das redes, fica à direita da tela e não à esquerda.

Fusion Access
O que é: sistema de controle de consumo em estabelecimentos comerciais, como boates, que substitui as comandas de papel por sistema biométrico. Composto por um software, desenvolvido pelos alunos, e por um leitor biométrico à parte, de uma empresa contratada.

Como funciona: ao entrar no local, a digital do frequentador é cadastrada. Ao fazer um pedido, a digital é colocada no sistema, para confirmação da compra. Para um controle individual do consumo, o cliente teria leitores espalhados pelo estabelecimento. No fim da noite, já no caixa, o usuário mostra de novo a digital e encerra a conta.


SERVIÇO
O QUE VAI ROLAR Outros 56 projetos – de cerca de 400 alunos do curso técnico de informática do colégio – serão expostos na Tecnofeira, que estará no Minascentro nos dias 25 e 26 (Avenida Augusto de Lima, 785, Centro; telefone: 31/3217-7900). O evento, gratuito, reúne profissionais, empresários, estudantes e educadores da área para troca de experiências e palestras.
www.tecnofeira.com.br

Matéria publicada no caderno de Informática do jornal Estado de Minas. (página 3, do dia 24/11/11)